Escola e Instituto Miguel Dario apostam na educação e atividade hortifrutigranjeira para inserção
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O Instituto Penal Irmão Miguel Dario (IPIMD) destinado a presos do regime aberto e semiaberto, comprometidos com trabalho e estudos, garante matrícula a todos que ingressam na casa prisional, promovendo a formação no Ensino Fundamental. Além disso, a escola possui projetos para estimular habilidades na área hortifrutigranjeira. A iniciativa é uma parceria de 12 anos da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) com a Escola Irmão Miguel Dario (EIMD), localizada na área do IPIMD, no Morro Agronomia, próxima à UFRGS. As aulas ocorrem nos três turnos, nas quatro salas de aula da instituição.
Justiça Restaurativa
No pátio da Escola, professora Gládis, que leciona há 25 anos, estimula a leitura e o aprendizado
Segundo o diretor da escola, Antonio Guerra, a Susepe viabilizou a justiça restaurativa no sistema prisional, cuja premissa é formar mediadores de conflitos. "A escola se utiliza deste mecanismo para ajudar a resolver possíveis conflitos, em vez de apenas punir os envolvidos", enfatiza. Assim, segundo o diretor, é garantido um ambiente educacional de grandes produtividades e mais pacífico.
Informática
A escola, ligada à Secretaria Estadual de Educação (Seduc), conta com laboratório de informática, contemplando mais de 10 máquinas de computadores. Dentre as atividades escolares, os alunos participam de reuniões religiosas de várias crenças, campanhas e prevenção de doenças. Guerra explica que acredita na educação integrada, que trabalhe o corpo, mente e espírito.
Os formados têm acesso garantido para aulas de reforço no laboratório. O ex-detento, V.B, usou a chance de reforçar os estudos para prestar vestibular na Ulbra, e foi aprovado em Direito. Os apenados ainda podem desenvolver atividades esportivas na quadra de esporte, reformada há um mês, com a mão de obra prisional.
Depoimento e evasão
Conforme a professora Gládis Pezzini, o número de analfabetos que entram no sistema prisional representa um desafio a cada ano." Os internos apresentam dificuldades no aprendizado, mas nos esforçamos muito para que concluam os estudos e ou saiam alfabetizados".
Sem estudar há 40 anos, o apenado , N.R, 64 anos, confessa que é difícil aprender escrever e a ler, mas que representa uma benção a oportunidade dada pela escola. Cerca de 131 apenados estão matriculados. No entanto, atualmente, em torno de 50% participam das aulas. A direção da escola explica que em razão de entrarem em liberdade, muitos não concluem os estudos.
Incentivo ao esporte faz parte da premissa de recuperação dos internos, a quadra foi recapada há um mês
Atividade hortifrutigranjeira
São 64 hectares de vegetação nativa, propícia para estimular a atividade agrícola. A horta mantida pela Escola Miguel Dario é coordenada pelo trabalho técnico do professor Gilberto Fraga da Silva, que dá a capacitação profissional para os internos.
Alface, couve, tempero verde, entre outras hortaliças são semeadas, cultivadas e consumidas pelos servidores e presos. O pomar conta com goiabeira, laranjeira, pereira e figo cujas frutas colhidas na época se transformam em deliciosos doces caseiros." Proporcionar conhecimento técnico para executar tarefas que se mantenha auto-sustentável dentro do próprio sistema prisional é um de nossos objetivos".
Neiva Motta
Assessoria de Comunicação da Susepe