A apenada Maria Aparecida*, 37 anos, participou do evento “Não estamos todas, faltam as presas”, promovido pela Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ocorrido no dia 27 de março, em Porto Alegre. A presa, que cumpre o regime semiaberto no Instituto Penal Feminino na capital gaúcha, participou como conferencista e conversou sobre encarceramento feminino, desafios e direitos das mulheres em privação de liberdade. 

Para um público de 85 participantes, ela também falou sobre o artigo autoral que integra o livro espanhol Esa violencia que no es una: movimento feminista, Estado punitivo y otros horizontes de justicia, que reúne outros seis textos de localidades como Quito, Porto Alegre, Buenos Aires, São Paulo, Nova Iorque e Madrid sobre patriarcado e justiça feminista, passando por temas como feminicídio, violências sexual, física, econômica, penal e psicológica.

A apenada relatou sobre a sua experiência no sistema carcerário e sobre a importância de projetos de escrita que deem visibilidade às vivências femininas no contexto prisional. “Para nós, mulheres, é difícil, somos esquecidas. Com essa oportunidade que tive, eu pude falar por mim e por todas as presas com minha voz ativa. Dentro do sistema carcerário nós temos várias atividades e oportunidades de trabalho, cursos e estudos. Eu completei ensino médio, fiz vários cursos, tenho trabalho externo e tenho remição pela leitura”, disse. 

A conferência foi organizada pelo Grupo de Pesquisa e Extensão Corpos, Política e Autonomia e pelo Núcleo de Pesquisa em Direito Penal e Criminologia da UFRGS.

*Nome alterado para proteger a identidade da apenada

Texto: Marcelle Schleinstein/Ascom Polícia Penal
Revisão: Breno Serafini/Ascom Polícia Penal